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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Negócio do penico em Bruxelas

Augusto Semedo, 16.12.08

Fui já a alguns Mc Donald's mas ainda em nenhum tinha tido o grato privilégio de pagar uma ida ao WC. Aconteceu agora em Bruxelas, capital belga e do chocolate, cidade do Atomium, da Grand Place e do menino que é visto por milhares a urinar. Há (haverá) uma lenda e a romaria de turistas contempla aquele pequeno boneco com a pilinha à mostra e verter água em permanência.

Montar o negócio do penico parece dar resultado. A longa fila naquela estreita escada rumo ao WC confirma o elevado número de cidadãos desejosos de se aliviarem. Chegados ao piso inferior, pagarão 30 cêntimos de euro e entrarão em casas de banho normalíssimas, bem melhores que outras certamente encerradas se tivessem sido alvo de uma qualquer inspecção por parte da ASAE.

De resto, as promoções do restaurante estão praticamente ao mesmo preço, o que leva a considerar a hipótese do negócio do penico poder ter sucesso naquela movimentada capital da União Europeia. Até porque o chocolate que nos entra pelos olhos e o frio que o corpo suporta com dificuldade podem causar apertos inoportunos... 

 

NOTA: Querem uma fotografia do Natal em Bruxelas? daquem-e-dalem.blogspot.com

Sentir Veneza

Augusto Semedo, 04.10.08

A embarcação apinhada de material avançava e recuava naquele estreito canal rodeado de edifícios. À sua frente, encostado, um barco; a seguir, uma ponte obrigava a que os tripulantes - habitualmente dois nos de carga - se baixassem para continuarem a lenta marcha; depois, mais embarcações seguiam destinos diferentes.

Esta, mal avançava, obrigava-se a recuar. A ponte era ainda mais estreita que o canal e não passavam duas em simultâneo; depois, para passarem uma pela outra não poderia estar uma terceira estacionada na borda.

- Oh, não! - parecia dizer a tripulação, que voltava a recuar depois de espreitar, novamente, por debaixo da ponte, uma nova embarcação a surgir em sentido contrário. Sem azedume, tudo feito num ritmo e com um espírito peculiar. Todos parecem conhecer-se bem e de há muito. 

É normal, por exemplo, cumprimentarem-se efusivamente enquanto cruzam embarcações. E os gondoleiros, naquele seu jeito elegante e sereno na condução dos típicos barcos, emitem sons indicativos aos colegas que os seguem pelos labirínticos e apertados canais, avisando-os da existência de uma outra embarcação ao virar da esquina.

É preciso sentir Veneza. Observar o grande canal, onde se cruza todo o tipo de embarcações, por entre intenso tráfego, sem que ninguém estorve a marcha de outro; passear tranquilamente pelas ruas seculares, estreitíssimas e também elas labirínticas, sem a presença de veículos motores; admirar o imenso património histórico, que se estende por todo o núcleo urbano e não se restringe apenas às emblemáticas praça e Catedral de São Marcos (Património da Humanidade) e ponte de Rialto...

E o 'glamour' - escutar grandes obras musicais na praça São Marcos, passear de gôndola pelos canais, saborear uma boa refeição em ambientes acolhedores...

Há mais, numa Veneza onde o barco substitui o carro. Na distribuição postal, em acções de socorro com ambulância, nos transportes públicos, na recolha do lixo... Com a complexidade de recursos materiais e humanos que tal situação exige. Até as esquadras dos 'Carabinieri' dão directamente para os canais, onde os esperam lanchas a partir das quais se deslocam para cumprirem acções policiais. 

Há ainda o mercado, com uma impressionante variedade de peixe e fruta. A indústria do vidro, tradição na ilha de Murano, está bem evidenciada nas ruas de comércio venezianas - que nos apresentam ainda fascinantes máscaras de carnaval, encantadoras criações artesanais que incentivam a uma atenta apreciação.

Karaoke à 'falta' do artista

Augusto Semedo, 08.09.08

"Boa noite... hoje é quarta-feira!" O público, que esperava por um nome conhecido da música portuguesa, desconfiou. O artista não articulava frases, enrolava a língua, não conseguia dialogar com o público, desafinava.

Decidiu, às tantas, fumar um cigarro, beber uma cerveja e colocar os pés em cima do teclado do piano. E quando se propôs cantar uma das mais conhecidas, não conseguiu entoação semelhante à que diariamente nos oferece o musical do genérico de uma telenovela.

Afinal, o artista faltou ao seu compromisso. Que estará assinado e que terá sido pago. Virou costas aos fans que alimentavam a esperança de o poder ver ao vivo.

Alguns, provavelmente, ainda hoje acham que o terão visto bem ali à sua frente - condescendendo com comportamentos que não perdoam a outros cidadãos - mas o espectáculo degradante a que assisti não passou de uma sessão de karaoke.

P.S. - A equipa que proporciona a festa do leitão - e que pelo seu trabalho muito profissional está de parabéns - não merecia esta desfeita. 

Aqueles miúdos!...

Augusto Semedo, 26.07.08

Os miúdos faziam gincana com o carrinho que transportava a bagagem e só sossegram quando foram parar ao chão. Só aí a mãe se levantou, aproximando-se das malas tombadas. Com impressionante serenidade, ordenou a um deles para ir apanhar a garrafa de água que havia parado uns metros adiante.

Estava longe de pensar que aquelas duas crianças e a mãe, que vira de relance junto à porta de embarque alertado pelo barulho da queda, seriam companheiras de viagem.

Entrara, desta vez, mais cedo no avião. Escolhi minuciosamente o lugar que mais me convinha para ir à janela, quase na cauda do aparelho. Gosto de ver o que se passa lá em baixo. E de identificar os locais sobrevoados. É um belíssimo exercício e ajuda a passar o tempo.

"Mami!", ouço eu. Estava o avião praticamente cheio. Uma das crianças vislumbrava livres os dois lugares que se sucediam ao que eu escolhera. Primeiro, a mãe pedira a uma jovem que lhe cedesse o primeiro dos lugares da fileira à direita; depois, e para poder estar próximo das crianças, acabou por me solicitar que mudasse para o lugar que acabava de ficar vago.

Pronto, tinha que ser! Os miúdos iam choramingar certamente se tivessem um estranho a seu lado. E mudei-me. Logo desta vez, que fui dos primeiros a poder escolher.

E o avião lá levantou, perante as rezas da mãe a a indiferença daquelas duas ternurentas crianças.

O avião não cai mas os pés têm bolhas

Augusto Semedo, 17.07.08

Não, o avião não cai.

Não há é luxo. É preciso ser-se prático. Isto é para gente que gosta de conhecer outras terras e ambientes diferentes. E que não vai em caprichos nem arranja desculpas para a sua falta de curiosidade.

Para gente que não se importa com as bolhas nos pés... neste caso caminhando pelos verdejantes e amenos jardins do Turia, entre o arrojado e futurístico complexo das ciências e das artes e o conservado e histórico centro da cidade.

A 'Ciutat Vella', com a catedral e as igrejas; o Ayuntamiento, a 'plaza' e a estação dos 'correos'; a 'plaza' de touros e a 'estacion del norte'; o mercado, os museus e as torres...

O Rio Turia foi desviado. Ficaram as pontes (algumas históricas...) e o leito está agora convertido num imenso jardim, com parques de diversão e desportos radicais, campos de jogo, lagos, áreas de lazer, pistas cicláveis... em todo o seu percurso citadino até ao porto.

Antes deste, nasceu um novíssimo parque onde antes era o Turia: a 'Cuidad de las Artes y las Ciencias'. Apresenta-se como o maior complexo lúdico e cultural da Europa, que combina interessantes conteúdos científicos e de divulgação com elementos de diversão para todo o tipo de público. Carote... mas vale a pena! Arquitectura moderna e uma soberba obra de engenharia.

O Oceanográfico, com a beleza e os segredos dos principais mares e oceanos do planeta, é o maior centro marinho europeu e tem espectáculos de golfinhos e demonstrações; o Museu das Ciências, com uma das maiores exposições de biologia e genética, pretende afirmar-se com um novo conceito de museu, apelando à participação e à experimentação; o Hemisférico, edifício em forma de olho humano, projecta filmes sobre astronomia e espectáculos de animação; e o Palácio das Artes, um centro de produção cultural de referência. Há ainda o jardim miradouro, com vistas sobre todo o complexo.

Ahh... e o 'Mestalla', pois então, ou não estivessemos em Valência.

Instituto Camões em Vigo

Augusto Semedo, 02.04.08

O pólo de Vigo do Instituto Camões colabora nas comemorações da reconquista da então vila às tropas de Napoleão, mantendo uma estreita relação com as autoridades e a população local.

Foi responsável pela presença do Toques do Caramulo, uma criação da d'Orfeu que se impõe no panorama musical. O grupo tem-se revelado em reconhecimento à criatividade dos seus concertos e teve a honra de fechar o 199º aniversário da efeméride. 

O pólo do Instituto Camões funciona num dos mais importantes edifícios da cidade: a Casa de Arines. Data do século XVI e situa-se em pleno 'casco velho', na praça de Almeida, em honra ao General português que contribuiu para a reconquista de Vigo. Em 1994, o município de Vigo, com a concordância da Junta da Galiza, cedeu ao Estado Português o uso, a título gratuito e por 100 anos, da Casa de Arines. Aqui, funciona uma biblioteca, um centro multimédia e salas de exposições, e, proximamente, uma videoteca, com as últimas novidades do cinema luso.

Todos a dançar... ao som dos toques do Caramulo

Augusto Semedo, 02.04.08

Que os espanhóis gostam de dançar não é novidade mas que o façam ao som de música tradicional da serra do Caramulo… “Ahhh, Caramulo!”, dizia alguém que parecia saber onde ficava. E nem os ameaços de chuva, o frio da noite de Vigo e o atraso do início da actuação, afastaram o público do espectáculo do Toques do Caramulo.

 

O Luís Fernandes cumpriu o objectivo de interagir com o público, uma das imagens de marca do projecto Toques do Caramulo, e pôs toda a gente a dançar as modinhas da região.

 

A actuação culminou dois dias de festejos. De origem popular, promovidos pela própria população da zona histórica (ou ‘casco velho’), com gente de todas as idades envolvida em actividades tradicionais.