Carvalhal
1993 foi ano de festa em Carvalhal. Por um acaso, a luz eléctrica finalmente chegara. A empresa que explorava uma mini-hídrica precisava que uma linha passasse pelo estreito vale do Águeda, e as negociações com a autarquia abriram a possibilidade à electrificação da aldeia.
Como em Rio de Maças, ali a dois passos, a ocasião foi celebrada com pompa e circunstância. Com ementa a condizer e muitos 'notáveis'.
Outro acaso acontecera alguns anos antes. O fatídico incêndio de 1986 possibilitou que, no âmbito de um programa comunitário, algumas estradas fossem abertas na serra. Surgia assim o primeiro, mas rudimentar, acesso a Carvalhal. Por uma picada estreita, sinuosa e irregular.
Foi por aí que desci até ao vale naquele frio e chuvoso dia em que se celebrou a chegada da electricidade aos dois últimos lugares do concelho de Águeda. Hoje, duas estradas asfaltadas unem o vale do Rio Águeda ao mundo. Uma delas, já no município de Tondela, separa Carvalhal da estrada Caramulo/Águeda. Dois insignificantes quilómetros, investimento recente que levou anos a concretizar-se. As casas da aldeia, compradas por forasteiros, são recuperadas para momentos de lazer. Afinal, a Carvalhal tão distante durante tanto tempo, escondida pelos montes e vales da serra, é já ali. Tão perto.