O exemplo da Ryanair no aeroporto do Porto
A Ryanair queria instalar uma base no aeroporto Francisco Sá Carneiro no Porto mas cansou-se de esperar por uma decisão. Pretendia, em contrapartida ao aumento de frotas e, em consequência, do número de passageiros, uma redução de quatro euros nas taxas praticadas naquela estrutura aeroportuária. Criava 200 postos de trabalho.
A decisão da ANA demorou e Barcelona será a beneficiada. Espanha aproveita o que rejeitamos, vá lá saber-se porquê.
Quem se der ao trabalho de simular rotas no sítio da Ryanair na Internet verifica facilmente que o aeroporto do Porto é aquele que já pratica taxas mais elevadas.
A criação de uma base significava que os aviões passavam a pernoitar no Porto, com vantagens obvias para todos: para o próprio aeroporto - uma estrutura excelente mas com movimento reduzido face ao potencial que revela - e para a região. Aumentaria o número de passageiros a pernoitar na região e estimulava-se a oferta turística e a interactividade em variadíssimas áreas.
Há companhias de baixo custo que operam a partir de Espanha. Nem é preciso que sejam espanholas. As rotas da Air Berlim passam pelas ilhas baleares; a Clickair obrigatoriamente utiliza Barcelona para as ligações aéreas. Como muitas ligações não são imediatas, constituem um factor - a juntar a outros bem conhecidos - que contribui para a dinâmica das cidades.
O dossier da Ryanair é mais um exemplo de que a alegada falta de competitividade lusa está, também e muito, nas estruturas dirigentes e na ditadura das conveniências de uma minoria. A ANA e o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações ainda nada disseram, apesar de convidados a explicarem-se. Pudera... Há coisas que não têm explicação racional e nós estamos já demasiadamente fartos de desculpas de mau pagador.
Vão-se lixar!