Aqueles miúdos!...
Os miúdos faziam gincana com o carrinho que transportava a bagagem e só sossegram quando foram parar ao chão. Só aí a mãe se levantou, aproximando-se das malas tombadas. Com impressionante serenidade, ordenou a um deles para ir apanhar a garrafa de água que havia parado uns metros adiante.
Estava longe de pensar que aquelas duas crianças e a mãe, que vira de relance junto à porta de embarque alertado pelo barulho da queda, seriam companheiras de viagem.
Entrara, desta vez, mais cedo no avião. Escolhi minuciosamente o lugar que mais me convinha para ir à janela, quase na cauda do aparelho. Gosto de ver o que se passa lá em baixo. E de identificar os locais sobrevoados. É um belíssimo exercício e ajuda a passar o tempo.
"Mami!", ouço eu. Estava o avião praticamente cheio. Uma das crianças vislumbrava livres os dois lugares que se sucediam ao que eu escolhera. Primeiro, a mãe pedira a uma jovem que lhe cedesse o primeiro dos lugares da fileira à direita; depois, e para poder estar próximo das crianças, acabou por me solicitar que mudasse para o lugar que acabava de ficar vago.
Pronto, tinha que ser! Os miúdos iam choramingar certamente se tivessem um estranho a seu lado. E mudei-me. Logo desta vez, que fui dos primeiros a poder escolher.
E o avião lá levantou, perante as rezas da mãe a a indiferença daquelas duas ternurentas crianças.