Os vidros dos carros, estacionados na rua dos Caldeireiros, apareceram partidos no começo do dia. Do seu interior, nada havia para desaparecer. Soube-se depois que o mesmo tinha acontecido naquela madrugada em Aveiro e Esgueira. E em Barrô.
- Não são de cá, vêm dos lados do Porto! - afiançava a Autoridade.
Parece que é por mero vandalismo. Simplesmente porque apetece fazer. Mas também para roubar. As técnicas, pelo que nos é dito, são apuradas. Cada vez mais apuradas.
A Autoridade sabe. - Andamos atrás deles, não dormimos, fazemos horas atrás de horas, arriscamos... mas se não os apanhamos em flagrante nada feito! E depois é vê-los na rua, como se nada fosse.
Há desalento. A autoridade não existe. - Não os querem lá, dão despesa. Preferem-nos cá fora!
Temos de tomar precauções... mas, nunca se sabe. Os nossos passos estarão a ser cuidadosamente observados, as nossas rotinas analisadas; seremos nós as vítimas que se seguem?
- Como as coisas estão poderemos vir a ser um país da América Latina!
Ouvira antes de um qualquer cidadão, não pensara que um dia o pudesse escutar da Autoridade desautorizada, tantas vezes ridicularizada. Desacredita-se.