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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

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COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

O exemplo inglês

Augusto Semedo, 21.09.07

O futebol inglês tem passado por visíveis alterações nas duas últimas décadas. Deixou de ter como horizonte limite as ilhas, passando a olhar para fora do seu umbigo.

Primeiro, foram os treinadores a juntarem novos modelos a um jogo conservador, "very british", de elevada intensidade, de muita profundidade e combatividade; porém, esgotado por ser limitativo face às variáveis tácticas, e também estéticas, que o jogo permite.

Os britânicos, senhores do seu nariz, renderam-se porém aos novos modelos de jogo, praticados hoje pelas principais referências do país, que implicaram naturalmente novos modelos de jogador e de preparação.

Com novos treinadores e diferentes escolas, e com o poderio financeiro que se reconhece existir, foram recrutados jogadores em mercados tão diversos que a Liga será, hoje, a mais apetecível do mercado futebolístico.

Sendo atractiva, do ponto de vista do investimento financeiro e pessoal, os clubes têm vindo a cair nas mãos de afortunados russos, americanos, árabes e asiáticos. Mesmo contrariados, os britânicos assistem à invasão de culturas diversas.

A tradicional fleuma e o habitual respeito pelas hierarquias e competências das personalidades que constituem a estrutura técnica e administrativa dos clubes, embora ainda patente em alguns de referência, vai cedendo perante o alastramento de diferentes modos de ser, de estar e de agir.

A globalização é isto. Pode, a partir do cruzamento de experiências, evolucionar realidades estagnadas (neste caso resultou em modelo de jogo evoluído); mas também descaracterizar factores distintivos das sociedades.

O Chelsea e José Mourinho são o mais recente exemplo inglês.

P.S. - Não me parece que este desenlace tenha sido assim tão surpreendente como nos querem fazer crer. Basta ver a postura de Mourinho no banco, desde a recta final da última época, e de interpretar convenientemente as afirmações públicas do treinador. O desenlace aliviou clube e treinador. Mourinho saiu a ganhar de todas as maneiras.

A fome é negra

Augusto Semedo, 17.09.07

Regressava com saudades. Sobretudo da comida. A viagem havia sido longa, por toda a França e Espanha, horas de cumplicidade com o automóvel. O calor apertava mas o desejo era mesmo vir almoçar a Portugal.

Passaria pouco das duas da tarde. Área de serviço, a primeira do país. À mesa, funcionários falavam alto, gracejando vidas alheias. O único cliente era eu. Do lado de dentro do balcão, uma jovem atendeu-me, mostrando o que restava ainda quente no self-service.

De repente, a seu lado, surgiu o homem que seria o seu chefe. A jovem, com um sorriso envergonhado, parou de me servir. O homem encheu o seu prato. - A fome é negra! A fome é negra!..., vociferou.

Esperei. Não sei como, nada disse. Fui servido, paguei, almocei e saí. Na sala, além de mim, só os funcionários. A falarem alto e da vida alheia.

Dois anos depois, repeti para logo me arrepender e sair. Um casal alemão tinha a sua primeira experiência em português. Ao balcão, esperavam pacientemente que a única funcionária presente os atendesse. Ela, de costas para os clientes, mantinha a cabeça dentro do postigo que dava para a cozinha. Fazia algo, provavelmente uma sandes. Vagarosamente...

Os alemães perderam a paciência e saíram. Voltaram a meter-se no Audi, a caminho do litoral. Esperando certamente que a próxima experiência no país que visitavam fosse mais agradável.

Só agora?

Augusto Semedo, 10.09.07

Têm sido frequentes, nos últimos dias, notícias sobre a vigilância mais apertada na noite do Porto. Sucede-se a incidentes e, mais recentemente, à morte de alguém forte no meio.

Conclusão a que se chega: há muitas casas de diversão abertas sem licença! Algumas delas bem conhecidas... Pergunta-se: como é isso possível?

A polícia vem justificar a operação com ares de triunfalismo. Pergunta-se: Porquê só agora? Melhor: Como foi possível casas de referência na noite do Porto funcionarem sem licença, durante tanto tempo, e sem que as autoridades agissem em conformidade?

E volta-se à mesmíssima constatação de sempre: é preciso morrer alguém, sobretudo alguém alegadamente influente, para se fazer qualquer coisa.

É este o País que continuamos a ter, intransigente para algumas coisas e condescendente para outras. Assim, tão ausente de Razão!

Toques do Caramulo e vozes do Mundo

Augusto Semedo, 06.09.07

Toques do Caramulo - Luís Fernandes e os seus deram ontem, na abertura da Festa do Leitão, mais uma demonstração de que Águeda mantém-se empreendedora e criativa, com propostas artísticas inovadoras e de qualidade. Contra o cepticismo! Apelando à persistência, possível quando se acredita em si, nos seus e no que se faz. Rasgando horizontes novos de cooperação entre realidades culturais diferentes mas capazes de se complementar. Águeda continua a ser cultura. Obrigado.

 

Vozes do Mundo - Morreu Pavarotti, um dos maiores tenores do Mundo, figura e voz imponentes. Foi-se o homem, fica a sua obra. Até sempre.

Protesta-se. Fractura-se. Destrói-se. Morre-se...

Augusto Semedo, 05.09.07

Uma equipa de jovens treinava. Reinava a anarquia. Eles, os pais, protestavam e criticavam a falta de perícia do treinador.

Mudam-se processos. Há agora trabalho, método, rigor. Competência, dedicação, normas e regras de grupo. Joga-se e educa-se. 

Protesta-se na mesma. Porque se espera tempo a mais pelo filho, ainda que em férias escolares. Porque isto não é o Benfica... Treina-se demais, há exigência.

Esquecem que o jogo é colectivo e que o cumprimento de regras de grupo é um objectivo central, valorizador do processo educativo.

Esquecem que por cá também se pode dar qualidade às acções que envolvem os seus educandos. E que essa qualidade, quando acontece, é positiva precisamente para os destinatários das mesmas.

Muitas vezes, são eles, os pais, a evitar que os respectivos educandos cumpram perante os colegas. Alguns pretendem até que o seus tenham um tratamento privilegiado diante dos demais. Atrasam-se, não dando exemplo de pontualidade; faltam, impossibilitando a assiduidade; criticam decisões, alimentando o desrespeito pelas hierarquias; evitam o diálogo, estimulando especulações e mal-entendidos...

Transportem-se estes exemplos para a sociedade e veja-se como poderemos ser melhores enquanto pensarmos assim. Seremos uma comunidade mais construtiva apenas quando se der valor às acções positivas que surjam à nossa volta. E isso, hoje em dia, não acontece. Protesta-se. Fractura-se. Destrói-se. Morre-se, um pouco mais, todos os dias.

Caça à multa

Augusto Semedo, 04.09.07

Domingo, 8 da manhã. Finalmente, um dia de Verão a convidar uma ida bem cedo até à praia. 

Um carro à civil escondia o radar num local de reduzida sinistralidade. E onde se circula a 50 à hora só quando é perceptível a presença da BT. É o desajustamento de alguns limites de velocidade impostos que provoca tal conduta. E a BT sabe exactamente quais os locais onde pode 'rentabilizar' melhor o seu trabalho.

Dizem que é para combater a sinistralidade. Uma ova! Se esse é o objectivo, não seria mais eficaz colocar radares fixos, devidamente assinalados com o limite de velocidade permitido, nos locais considerados de maior risco de acidente? Não é isso que sucede no Porto, junto ao Estádio do Dragão? Não é isso que sucede lá fora? Com o controlo permanente, obrigaria à redução de velocidade e evitaria acidentes.

Por cá, continua a existir uma atitude de permanente caça à multa. Só prejudica a imagem que os cidadãos têm das autoridades. Para combater a sinistralidade? Sabemos bem que esse não é o objectivo, nem que este é o processo mais correcto e eficaz.

Um novo template

Augusto Semedo, 01.09.07
A partir de hoje, este espaço surge com um novo template. Treze meses após o início do "d'aquém e d'além" o tempo é de mudança. Espero que para melhor...