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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Corrida desenfreada

Augusto Semedo, 31.08.07

Vai-se Agosto. Parece que o Verão - qual Verão? - terminou. A atenção dirige-se para os próximos objectivos. Um novo ciclo se reabre até às férias do ano que vem já a seguir.

Tudo passa demasiado rápido. A vida corre frenética, um dia após outro, um mês mais, um ano novamente voador. Para quê tanta correria?

Longe, cada vez mais distante, estão aqueles anos das férias grandes, das brincadeiras intermináveis, do tempo que parecia correr devagar. Pelo menos mais devagar...

Dos passeios com o avô. Todos se conheciam nas ruas pacatas desta vila que era o País. Das histórias que se cruzavam com figuras típicas que animavam a pequenada. Dos jogos nos jardins e ruas, das bolas de trapos e das primeiras aventuras pelos campos do Águeda.

Longe aquelas corridas no Adro verdejante, em cada intervalo de aulas; os 'passeios grandes' ao jardim da Câmara; os muros altos da Alta Vila; o fascínio do Vouguinha; as tardes de futebol no São Sebastião; as sirenes das fábricas e o bulício da 'hora de ponta'... em duas rodas.

Chega! Voltemos à corrida desenfreada. Esperando ao menos correr na direcção certa.

O menino que organizava corridas

Augusto Semedo, 30.08.07

Praia de Mira, uma visita mais. Surgem recordados momentos vividos na infância e na adolescência. Férias passadas em família. Num Portugal tão diferente, ingénuo e pobre... afastado do Mundo!

A povoação cresceu para norte mas a praia está igual. Só os esporões anunciam o avanço do mar... Reconheço ainda a viela que dava para a mesmíssima casa de todos os anos, em Setembro; ou o parque onde foi feita a adaptação ao campismo quando as férias passaram para Agosto. A renda era mais cara e acampar sempre ficava mais em conta.

A barrinha também pouco mudou. Talvez só a água; há 30 anos via-se o fundo da lagoa. Há coisas que ficaram iguais. Recordo um programa em directo para uma rádio nacional e a crítica ao escasso investimento. Dizia-se que Mira (a vila, sede de concelho) temia que a Praia a suplantasse. 

Olho o parque em frente. O mesmo supermercado por entre vegetação rasteira, os mesmos balneários, a mesma entrada. Uma ou outra beneficiação pontual. Como fora possível um rapaz de 13 e 14 anos organizar uma prova de atletismo pelas ruas daquele parque? Bermas apinhavam-se de veraneantes que, nessa manhã, trocavam a praia para assistirem às corridas.

Autorização pedida (quem a daria mesmo?), anunciava o evento aos microfones da instalação sonora e abria inscrições. No dia e horas determinados, instalava-me com uma mesinha, uma resma de papel de mercearia e uma esferográfica junto à recepção. Apareciam interessados de todas as idades. Apresentavam comprovativo, ora essa! Havia prémios mas não recordo já como eram adquiridos. E tudo corria...

Recebi, no segundo ano da iniciativa, os préstimos de um professor de educação física da zona de Coimbra. Oferecera-se para me auxiliar. Mas - estranho, não é? - o rapaz era quem determinava todos os pormenores organizativos.

Uma vez, o recepcionista, um estudante universitário em trabalho temporário, protestou. Não percebia porque só se podia participar até aos 18 anos e dos 20 e tal para cima. Ele, e todos os da sua idade, ficavam de fora. Não sei como lhe respondi; não lhe revelei certamente o motivo verdadeiro. O menino via-os como potenciais agentes destabilizadores, causadores de problemas, naqueles confusos anos que se seguiram ao 25 de Abril.

A última vítima

Augusto Semedo, 23.08.07

Sem surpresa, Fernando Santos foi a vítima mais recente de um modo de estar na vida. É um exemplo mais a evidenciar a fragilidade dos treinadores de futebol neste país. É um sinal claro de que os líderes têm de mudar de muletas para não caírem, adoptando posturas populistas e demagógicas. É preciso afinal que a ilusão se mantenha viva.

O discurso anunciava o fim há várias semanas. Há sinais, esse e outros, que se entendem à distância. Primeiro, há que fragilizar, o plantel, a imagem, as relações de solidariedade; segundo, há que colocar pressão, alimentada pela ilusão de julgar que se tem; terceiro, há que atribuir a outros, nem que seja por outros, a responsabilidade da sua anterior contratação; quarto, há que dar a estocada final!

Os treinadores, em Portugal, são os alvos quando tudo corre mal. Nem que um clube com a dimensão deste comece a época com indefinições a mais, com demissões na estrutura de apoio, com abandonos, vendas e compras. Saiu Simão, entraram três! Duas semanas depois, fala-se em mais quatro. Três mais quatro são sete... quase uma equipa! Será o treinador responsável pelo amadorismo dos dirigentes?

Há contratações trazidas à estampa como grandes concretizações. Tardam em confirmar. Por incapacidade ou por desadaptação. Haverá um modelo de jogo definido, como sucede com os rivais? Poderá haver um modelo se o treinador não sabe se conta amanhã com quem trabalhou hoje? E os jogadores que entraram, corresponderão ao perfil pretendido pelo treinador para desempenharem as tarefas e funções que o próprio pretende para estruturar a equipa, dando-lhe a necessária e decisiva dinâmica colectiva?

Esqueçam... O treinador é que não percebe nada daquilo! Devolvam-nos a ilusão...

Do tempo dos carros de bois

Augusto Semedo, 23.08.07

As estadas mais directas que ligam Águeda a Aveiro são pouco condizentes com as exigências da vida actual. Falo da ligação directa ao nó do Mamodeiro da A1 (por Oiã) e da principal via para a capital do distrito (por Travassô).

Ambas foram projectadas no tempo dos carros de bois, mantendo o traçado e, principalmente nas localidades, as características daquela época (salvo o piso, obviamente). As intervenções que sofreram não se adaptam às necessidades de mobilidade desta época.

Os 20 quilómetros que unem as duas cidades (Águeda e Aveiro), que representam uma área com uma população superior a 150 mil habitantes, são percorridos com evidente dificuldade, têm demasiados pontos negros e não asseguram a desejada mobilidade das pessoas nem suportam a actividade económica gerada.

Passam por várias povoações, sendo estreitas e sem espaço para a circulação de peões. Não cumprem, portanto, os requisitos mínimos de segurança.

A implementação de medidas reguladoras de trânsito, necessárias face à saturação das vias e à segurança dos cidadãos, tornam hoje mais moroso chegar ao destino.

Face à ausência dos investimentos reclamados há muito, conseguirá Águeda, algum dia, ‘vencer a batalha’ das acessibilidades?

A vitória ou a superação?

Augusto Semedo, 12.08.07

O que faz, afinal, evoluir um atleta? As vitórias e os títulos de campeão? Ou a seriedade com que se encara o trabalho proposto e a superação?

As vitórias são motivadoras e enchem o ego de quem as consegue. São importantes; mas podem ser inconsequentes, no futuro do atleta, se não encontrarem consistência no processo formativo e se não forem alicerçadas num trabalho persistente.

Superar é ir à procura de fazer cada vez melhor, é ter a certeza de que faremos amanhã melhor que hoje, dando respostas ainda mais firmes perante os diferentes desafios que a competição permanentemente coloca.

Se todos os dias, em treinos e jogos, o atleta procurar ultrapassar os seus próprios limites, em situações competitivas diversas, tentando vencer as suas próprias capacidades, estará em busca da superação.

Neste caso, o atleta, devidamente enquadrado num processo formativo, garantirá a sua evolução.

Haverá sempre metas competitivas a atingir, mesmo na formação, mas sempre na sequência do trabalho realizado. Metas realistas, que nem sempre passam pela vitória - muito menos pela vitória a qualquer preço - mas por objectivos de performance aferidores da evolução conseguida.

Um clube, a equipa e o perfil do atleta

Augusto Semedo, 07.08.07

Fazer parte de um projecto, seja ele desportivo ou outro, implica que se definam objectivos e se saiba que caminho seguir para os atingir.

Muito longe estão os clubes da organização. Ela encontra-se dependente em grande parte da definição de um modelo de clube. A instabilidade directiva - a constante mudança de direcções e, como se assiste amiúde ultimamente, os impasses para se encontrar uma solução - condiciona a sua evolução.

Ademais, a prática do exercício do poder em Portugal pouco apela ao contributo dos que têm conhecimento e experiência em áreas específicas. Imperam, por isso, princípios tantas vezes desajustados; e 'corta-se' radicalmente com o passado, não se avaliando as experiências anteriores ao ponto de se lhes reconhecer a existência de pontos positivos.

Não tem sido tarefa nada fácil dar o contributo para o salto qualitativo que é necessário acontecer à actividade desenvolvida nos clubes da nossa dimensão.

Mais do que razões orçamentais, é na definição do que pretendem ser os clubes que se achará o modelo mais conveniente e, em total coerência, se estabelecerão os princípios fundamentais que devem reger a actividade por si gerada.

Vem isto a propósito dos três vectores essenciais para um efectivo crescimento de instituições que se assumem no dia-a-dia como pilares das sociedades locais: Clube, Equipa e Atleta.

- O Clube é a entidade geradora de riqueza desportiva. Define a estrutura e cria condições para o desenvolvimento de um trabalho sustentado; 

- A Equipa é a célula produtora de competências. Aproveita e potencia talentos a partir das dinâmicas grupais que for capaz de gerar;

- O Atleta é a personalidade capaz de interpretar os conceitos definidos superiormente e de aplicar o seu talento num contexto colectivo.

É indispensável que o Clube tenha a formação de uma Identidade como a sua coluna vertebral: identificação dos seus diversos agentes com o clube para que se entendam numa 'linguagem comum', respeito pela sua história e tradição, aumento da sua coesão interna e fortalecimento da sua imagem externa.

Neste contexto, e num 'trabalho de grupo' como o desportivo, a Equipa terá como preocupação central a criação de um espírito de corpo entre os seus componentes: contributo de cada um para um bom clima de trabalho, respeito pelas normas internas e regras de grupo, aperfeiçoamento da comunicação interna e reacção colectiva às dificuldades e a situações consideradas menos correctas.

Finalmente, o Atleta. A adopção de um perfil de atleta permite-nos definir quem melhor pode corresponder aos dois vectores anteriores. Poderão variar os traços de personalidade de cada atleta mas, a juntar à capacidade futebolística - atributos diversos que determinarão as diferentes tarefas e funções num plano de jogo colectivo -, elejo três critérios como decisivos para o "meu" atleta: vivência = a identificação; vontade e dedicação = gosto e capacidade de trabalho conducentes à superação; saber estar = boa relação com colegas e respeito pelas regras de grupo.   

Os modelos e o... "Allgarve"

Augusto Semedo, 06.08.07

O "Allgarve" está entre modelos que nos pretendem impingir. Chegados a Agosto, é ao "Allgarve" que se recorre para falar de férias, de ocupações hoteleiras, de investimentos "cinco estrelas", etc, etc. Só o "Allgarve" conta, só o "Allgarve" enche, só o "Allgarve" está em crise, só para o "Allgarve" e no "Allgarve" há filas de trânsito, só no "Allgarve" há VIP's (aqueles a quem se dá importância que às vezes não têm)... O resto, salvo obviamente a capital Lisboa e a sua área metropolitana, é mesmo paisagem.

Não há interior nem litoral (só no "Allgarve"... e Cascais, pois então!). Não há Minho nem Alentejo; não há o Douro nem a Ria de Aveiro; não há riqueza escondida na Beira Interior nem praias lotadas do Mindelo a Aljezur. Não há diversidade com proximidade.

Mas há o "Allgarve", só o "Allgarve", apenas o "Allgarve". Viva o "Allgarve"!

Fotos da caminhada

Augusto Semedo, 01.08.07

Estão disponíveis 29 fotografias da caminhada realizada no parque de Ordesa e Monte Perdido. Desde a primeira (início) à 29ª (fim do trajecto, faltando percorrer o caminho de volta), a sequência numérica das fotos corresponde precisamente à sucessão de descobertas originadas pela 'empreitada' a que me propus entre a 'Pradera' de Ordesa e a 'Cola del Caballo' e regresso (16 a 20 km). Cumprida das 10h30 às 17h (horas locais).

Trata-se de uma entre muitas rotas possíveis naquela zona, porém é a mais frequentada pelos visitantes. Percorre-se um trilho florestal ligeiramente ascendente, subindo dos 1.300m de altitude para os 1.787m.

Para chegar ao parque - Por Salamanca, Burgos, Vitoria e Pamplona (em auto-estrada); depois Jaca, Saninánigo e Biescas (em estrada nacional) e Torla (em estrada municipal). 730 kms contados desde a fronteira de Vilar Formoso.