Fazer parte de um projecto, seja ele desportivo ou outro, implica que se definam objectivos e se saiba que caminho seguir para os atingir.
Muito longe estão os clubes da organização. Ela encontra-se dependente em grande parte da definição de um modelo de clube. A instabilidade directiva - a constante mudança de direcções e, como se assiste amiúde ultimamente, os impasses para se encontrar uma solução - condiciona a sua evolução.
Ademais, a prática do exercício do poder em Portugal pouco apela ao contributo dos que têm conhecimento e experiência em áreas específicas. Imperam, por isso, princípios tantas vezes desajustados; e 'corta-se' radicalmente com o passado, não se avaliando as experiências anteriores ao ponto de se lhes reconhecer a existência de pontos positivos.
Não tem sido tarefa nada fácil dar o contributo para o salto qualitativo que é necessário acontecer à actividade desenvolvida nos clubes da nossa dimensão.
Mais do que razões orçamentais, é na definição do que pretendem ser os clubes que se achará o modelo mais conveniente e, em total coerência, se estabelecerão os princípios fundamentais que devem reger a actividade por si gerada.
Vem isto a propósito dos três vectores essenciais para um efectivo crescimento de instituições que se assumem no dia-a-dia como pilares das sociedades locais: Clube, Equipa e Atleta.
- O Clube é a entidade geradora de riqueza desportiva. Define a estrutura e cria condições para o desenvolvimento de um trabalho sustentado;
- A Equipa é a célula produtora de competências. Aproveita e potencia talentos a partir das dinâmicas grupais que for capaz de gerar;
- O Atleta é a personalidade capaz de interpretar os conceitos definidos superiormente e de aplicar o seu talento num contexto colectivo.
É indispensável que o Clube tenha a formação de uma Identidade como a sua coluna vertebral: identificação dos seus diversos agentes com o clube para que se entendam numa 'linguagem comum', respeito pela sua história e tradição, aumento da sua coesão interna e fortalecimento da sua imagem externa.
Neste contexto, e num 'trabalho de grupo' como o desportivo, a Equipa terá como preocupação central a criação de um espírito de corpo entre os seus componentes: contributo de cada um para um bom clima de trabalho, respeito pelas normas internas e regras de grupo, aperfeiçoamento da comunicação interna e reacção colectiva às dificuldades e a situações consideradas menos correctas.
Finalmente, o Atleta. A adopção de um perfil de atleta permite-nos definir quem melhor pode corresponder aos dois vectores anteriores. Poderão variar os traços de personalidade de cada atleta mas, a juntar à capacidade futebolística - atributos diversos que determinarão as diferentes tarefas e funções num plano de jogo colectivo -, elejo três critérios como decisivos para o "meu" atleta: vivência = a identificação; vontade e dedicação = gosto e capacidade de trabalho conducentes à superação; saber estar = boa relação com colegas e respeito pelas regras de grupo.