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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

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COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Trabalho honesto, autêntico e exemplo de moralização do futebol

Augusto Semedo, 24.04.07

A propósito do jogo de Sátão, quero publicamente enaltecer o extraordinário desempenho dos atletas que tanto prazer me estão a dar a treinar.

Com eles - e a portarem-se assim - vou até ao fim! Na certeza de que o seu trabalho honesto é a autenticidade do futebol e exemplo de moralização. É a face que todos os que gostam verdadeiramente deste desporto desejam que se imponha.  

A revolta que sentimos (e que tanto está a custar digerir) vai dar-nos ainda mais força para os três jogos finais, porque alcançar o objectivo trará tripla satisfação: representa ter ultrapassado as dificuldades da época, ter saído do fosso e ter superado as anormalidades.

Finalizaremos o campeonato com a certeza de que tudo fizemos nesse sentido.

Liberdade é responsabilidade!

Augusto Semedo, 21.04.07

- Pai, a guerra é entre portugueses ou entre portugueses e estrangeiros?

- Entre portugueses!

O miúdo, que um mês antes assistira à recepção a Américo Tomás na inauguração da escola Fernando Caldeira, que frequentava, descansou. Afinal, sempre seria melhor continuar português, fosse quem fosse o vencedor daquela "guerra".

O dia era já diferente. As aulas haviam sido canceladas e a brincadeira misturava-se com informações mal compreendidas que chegavam via rádio. A apreensão dos mais velhos, perante a incerteza fomentada por novidades que careciam de confirmação, não passava despercebida.

No dia seguinte, um telefonema madrugador confirmava ser possível o regresso à escola. A Revolução consumara-se!

Poucos meses depois, três palavras apenas, escritas num papel colado numa parede do átrio da escola, chamava a atenção: "Liberdade é responsabilidade!". Teremos disso dado conta três décadas depois?

A erosão

Augusto Semedo, 17.04.07

Uma oportuna reunião de família levou-me de regresso a São Pedro de Moel, uma das praias mais encantadoras que tive oportunidade de frequentar nas férias de Verão, durante a minha adolescência e já adulto.

Foi também ali, naquela praia e na floresta que a rodeia, que testemunhei em 1982 o estágio do Recreio de Águeda de preparação para o campeonato que conduziu o clube à subida à 1ª divisão nacional e que participei em 1989, como elemento da equipa técnica de José Rachão, no estágio de início de época que colocou o clube na primeira edição do novo e mais recente escalão do futebol nacional: a então 2ª divisão de honra (conhecida como 2ª Liga).

É, portanto, um local de que guardo excelentes recordações.

O Hotel lá continua, o ar quase aristocrático da praia permanece, valorizado ainda pela reconstrução do casario mais distinto do lugar. A floresta revigora-se, reagindo ao fogo assassino que a consumiu recentemente.

Hoje, porém, não escapando à tendência que se generaliza e preocupa quem não se deixa distrair por coisas menores, aquela costa rochosa e altaneira que muitos julgariam indestrutível, dá sinais claros de cedência perante a força do mar. A estrada marginal que liga o hotel à praça central está cortada ao trânsito. O abatimento do piso é visível em alguns locais.

A erosão da costa tem sido galopante, os sinais de alarme sucedem-se e os estudos multiplicam-se. Mas é preciso actuar. A situação presente exige a canalização de recursos. No fundo, o Homem produz riqueza que depois é obrigado a investir - em parte que seja, embora sempre avultada - para remediar os desmandos da sua acção.

Nota - Publico algumas fotos de São Pedro de Moel, município de Marinha Grande, distrito de Leiria.

O próximo jogo na imprensa local

Augusto Semedo, 12.04.07

Foram estas as respostas dadas, correspondendo à solicitação de jornais locais, para perspectivar o jogo do próximo domingo com o Valonguense:

Questões colocadas pela Soberania do Povo:

 

Perspectivas para o dérbi do próximo fim-de-semana (onde aborde as seguintes questões: - Será o jogo mais importante da época?
R - Todos os jogos têm sido importantes desde que assumi o comando técnico do Recreio, pois em Janeiro o atraso pontual era muito maior.

- Será um jogo decisivo?
R - Vale três pontos como os outros. Com uma diferença: nos meus primeiros jogos, ganhávamos e ficávamos ainda a muitos pontos dos adversários directos; agora, a vitória significa ultrapassá-los na classificação.

- A equipa está preparada para este encontro?
R - A equipa deve estar preparada para dar o seu melhor em todos os jogos do campeonato, porque só assim poderá atingir os seus objectivos.

- O factor casa poderá ajudar as pretensões do Recreio?
R - Essa é uma falsa questão, principalmente em Águeda.

- Espera muita assistência neste jogo?
R - Espero uma equipa organizada, concentrada, empenhada, confiante e disposta a tudo fazer para vencer a oposição de um adversário que merece respeito.

- Há lesões e castigos a afectar a equipa? Quem?
R - Após dois meses e meio sem incidências disciplinares, voltámos a ter jogadores expulsos no sábado. Além dos dois (Pedras e Isidro), o Nuno e o João Madaleno têm tido problemas físicos.

- Haverá alternativas para esses jogadores?
R - Há sempre alternativas.

- Do que conhece do adversário o que é que mais teme e de que forma irá fazer frente?
R - Há um conhecimento e um respeito mútuo. Do outro lado há muitos que acompanhei desde pequenos, influenciando alguns na sua evolução futebolística e humana, e há outros com quem passei momentos desportivos marcantes e de quem guardo as melhores recordações. Há vida para além do jogo e das rivalidades doentias, por isso espero que todos os intervenientes dêem uma demonstração inequívoca de grandeza humana.

 

 

Questões formuladas pelo Litoral Centro:

 

1- O jogo de domingo assume carácter decisivo rumo à manutenção?

R - Assume o mesmo carácter decisivo que muitos outros, disputados numa segunda volta que tem sido de recuperação pontual. Houve um período em que ganhar representava ficar ainda a muitos pontos dos adversários directos; agora, ganhar significa ultrapassá-los.

 

2- De quantos pontos precisará o Águeda para se manter na 3ª divisão?

R - Numa série de surpresas constantes, o melhor é não fazer muitas contas. Importa olhar para nós e saber que dependemos do que formos capazes de fazer para ficar no nacional.

 

3- Quais os jogadores indisponíveis para domingo?

R - Temos os jogadores expulsos em São João da Madeira, mais o Nuno e o João Madaleno impedidos por problemas físicos.

 

4- Como é se sentespor defrontar a equipa que levou aos nacionais, a última que treinou antes de regressar ao Recreio?

R - Do outro lado estarão muitos dos que acompanhámos desde pequenos, nalguns casos influenciando a sua evolução futebolística e humana, e outros com quem vivemos belíssimos momentos desportivos. Há conhecimento e respeito mútuo, respeito esse que deverá superar a importância que o jogo tem para os dois clubes. Por isso digo que há vida para além do jogo e que todos os intervenientes devem dar uma demonstração inequívoca de grandeza humana.

Direito à indignação

Augusto Semedo, 11.04.07

O que terá levado a que um jogador com 32 anos e muitas épocas de experiência tenha colocado a mão à bola, na sequência de um pontapé de canto? E que o tenha feito quando tinha um cartão amarelo, sabendo que esse gesto faria a sua equipa ficar a jogar com apenas 9 jogadores a partir dos 40 minutos?

Precipitação? Ingenuidade? Irresponsabilidade?

Ou terá sido carregado em falta, por trás, pelo adversário directo, que entretanto perdera a posição face ao seu movimento?

Não terá sido transformada uma falta do defesa (para grande penalidade e a exigir acção disciplinar do árbitro) em infracção do jogador que se encontrava em acção ofensiva?

Porque não teve o árbitro o mesmo critério quando dois jogadores locais colocaram a mão à bola, em jogadas idênticas à que determinou a outra expulsão, ainda nem se tinha esgotado a meia hora inicial?

Porque foi o árbitro tão lesto a admoestar os meus jogadores com cartões amarelos?

E porque não agiu o árbitro em conformidade, na fase inicial do jogo, quando um defesa da minha equipa foi agredido pelo jogador que marcou o golo da Sanjoanense? Ao contrário do que o árbitro disse, no intervalo do jogo, o nosso adversário não fez falta, agrediu sem necessidade o meu jogador, já a jogada estava perdida.

Porque transformou o árbitro em falta uma recuperação de bola perfeitamente legal, que iniciava uma jogada de perigo para a equipa local?

No jogo anterior, em casa, porque foi o árbitro tão lesto a marcar a grande penalidade contra nós quando, na primeira parte, deixou passar em claro uma outra na área do nosso adversário? Porque anulou o seu auxiliar, sem sentido, várias jogadas perigosas de ataque, na fase de reacção à desvantagem no marcador? Porque foram marcadas tantas faltas no nosso meio campo, na segunda parte, muitas das quais com os jogadores adversários a deixarem-se cair ao mínimo contacto físico?

Coincidência ou não, os dois últimos jogos foram esquisitos. E se houve - como haverá sempre - erros próprios que devem ser corrigidos com o trabalho diário, quem sente o seu esforço desrespeitado desta maneira tem o direito à indignação.

P.S. - O que sucedeu no fim do jogo, com um experimentado agente do futebol, mais legitima o nosso direito à indignação.