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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Meninos que assaltam meninos

Augusto Semedo, 28.03.07

Águeda está a viver um fenómeno recente, a exemplo do que sucede nos grandes centros: em plena Praça do Município, adolescentes assaltam colegas mais pequenos, levando-lhes dinheiro e telemóveis. Às vezes, em função de conhecerem ou não as vítimas, dão-se ao luxo de decidirem, à sua frente, se concretizam ou não o assalto.

São vários os encarregados de educação que se têm queixado, relatando histórias com contornos muito parecidos. Lamentam que estas acções sejam levadas a cabo em pleno dia, à vista de todos, sem que ninguém faça nada para as evitar. E criticam a própria GNR, a quem acusam de apenas passar multas de trânsito e não agir em conformidade.

A verdade objectiva é que os episódios constantes começam a preocupar. Os problemas sociais agudizam-se – só não vê quem não quer -, avolumando o sentimento de insegurança, chegado agora, pelos vistos, aos meninos de Águeda. Repete-se, em plena Praça do Município, centro urbano da cidade e do concelho, e ruas próximas.

A segurança é da responsabilidade do Estado, que não pode apenas cobrar impostos, andar à "caça" da multa e pedir esforços suplementares aos cidadãos; sem, em troca, assumir o que lhe compete, mostrando que o dinheiro sacado aos portugueses é bem empregue na salvaguarda da sua qualidade de vida.

Porque é de qualidade de vida que se trata. Quem pode andar descansado nas ruas de Águeda quando se sucedem relatos de assaltos e alegadas ameaças a pessoas e instituições? Como aquela que, sendo repetidamente vítima de roubos, apresentou queixa à GNR, pagou 10 euros pela mesma e recebeu como resposta que dificilmente se poderá provar quem cometeu os actos. Mesmo que se suponha ser alguém conhecedor dos cantos à casa, ameaçando pessoas e destruindo propriedade alheia.

Apetece perguntar: vivemos num paraíso para os delinquentes, penalizando quem trabalha e vive honestamente? Que Estado é este, cada vez mais exigente para com o cidadão mas simultaneamente impotente para resolver flagelos para os quais importa olhar devidamente?

Sentir o que se faz

Augusto Semedo, 27.03.07

Em Paços de Brandão, conseguimos o resultado que nos interessava porque fomos melhores. Ficou, porém, a sensação de que poderíamos ter simplificado a nossa tarefa, resolvendo o jogo mais cedo.

De qualquer modo, fica como um dos aspectos mais positivos da nossa exibição o facto da equipa nunca ter perdido a organização nem o equilíbrio. Pormenor decisivo para se ganhar mais vezes em competição. Como positiva foi também a reacção ao golo sofrido, um golo fortuito, de forma imediata e com total determinação.

A recuperação deve-se ao trabalho de todos, sobretudo dos jogadores (que têm assimilado as ideias que lhes são transmitidas) e dos colaboradores mais directos nas áreas técnica e médica, inexcedíveis no trabalho diário realizado.

Contudo, este grupo só se manterá forte se continuar humilde, empenhado e a sentir-se bem com aquilo (acreditando naquilo) que faz todos os dias. Esse sentimento ganha maior expressão pública quando todos festejam os golos. De forma exuberante. Em grupo. Mas é assim - apelando ao contributo de cada um em nome de um colectivo - que o sucesso que perseguimos poderá acontecer. Porque o caminho é ainda longo e difícil.

Posso?

Augusto Semedo, 22.03.07

Dão-me licença?

Então pergunto: O que leva um ministro e um governo a defender cegamente a construção de um novo aeroporto na Ota? Falo dos dois... do anterior e deste. Gostaria que me elucidassem...

Adiante...

Marques Mendes é um líder frágil? Certamente. Como eram outros enquanto principais líderes da oposição, antes de chegarem à governação. Neste país, só quem tem o Poder é forte; os outros poderão não ser por ele mas devem estar com ele... Pudera.

É Meneses quem se perfila como candidato a sucessor? Claro, está mortinho... É Santana que anda por aí? Também não é novidade... Pobre PSD se o populismo vingar. Já basta o Portas.

Razões tem Sócrates para celebrar. Afinal, o cenário actual favorece-o: o Poder pode perpetuar-se, contrariando as experiências dos seus antecessores, que caíram de podre... aos olhos dos portugueses. Serão, talvez, mais competentes a desempenhar altos cargos internacionais. Ou Portugal será demasiado miserabilista para entender os seus atributos?

Dão-me licença que continue?

Volto a perguntar, desculpando a minha ignorância: Porquê a necessidade do TGV entre Lisboa e Porto (são 15/25 minutos que se podem ganhar?...) se há menos de 10 anos se investiram milhões para pôr o Pendular a mais de 200 à hora? Não seria razoável que a Alta Velocidade nos ligasse à Europa e aproveitássemos para rectificar as obras recentes, mal feitas sem que se apurem as responsabilidades inerentes, que ainda não permitem ao Pendular atingir a sua velocidade natural em alguns dos troços da Linha do Norte?

As grandes obras, com ampla visibilidade mediática, esquecem as pessoas que todos os dias vão sentindo a escassez de transportes colectivos. Como aquelas da Linha do Douro que, face ao encerramento do apeadeiro mais próximo, se vêm obrigadas a pagar sete euros e meio de táxi para poderem apanhar o comboio na estação seguinte. Em plena área Património da Humanidade, motivo de vaidade e exemplo de inoperância... 

Mérito ao esforço, respeito pelos símbolos

Augusto Semedo, 20.03.07

Se ganhámos o jogo anterior porque o primeiro facilitou perante o último, como se escreveu, desta vez a nossa vitória aconteceu porque eles foram bons rapazes... Ou foi porque tivemos sorte? Ou porque... inventem qualquer coisa!!!

Podem, alguns, não ter dado conta mas a equipa regenerou-se! Estava profundamente atolada e soube, com coragem e determinação, acreditando cada vez mais no potencial de cada um e melhorando colectivamente, somar 13 pontos nos últimos 7 jogos (21 possíveis).

Saberão que, neste período de sete jornadas, aquele Recreio de Águeda precocemente condenado (9 pontos em 13 jogos, à 14ª jornada) é a segunda equipa mais pontuada da série C, atrás do Anadia? Não merecerá, este grupo que transporta consigo o peso da história de um clube que não é de bairro, que se lhe descubram os méritos? Não merecerá, este grupo que trabalha todos os dias para superar as contrariedades de uma época contranatura, mais respeito?

A quem interessa ignorar méritos e promover a incompetência? A quem interessa desrespeitar todos os dias este clube? E porquê?

Faltam oito jogos para o fim. Saímos, pela primeira vez esta época, dos lugares de descida. Mas a série é "louca" e não permite antecipar previsões. E o final dos campeonatos reserva-nos surpresas maiores.

O que ganhámos nós em sete jornadas? Apenas o direito de lutar pela manutenção e ter hoje uma vantagem sobre quatro concorrentes directos. Apenas, entre aspas, porque representou um esforço acrescido e altamente meritório. Impensável, talvez; ainda para mais quando defrontámos o Anadia (1º), Milheiroense (2º), Tondela (3º), Valecambrense (7º), Oliveira do Hospital (6º) e Social Lamas (5º)... mais o Tocha.

É mais fácil hoje antecipar um futuro positivo mas as dificuldades serão maiores nesta recta final da prova. Com equilíbrio, seriedade, humildade, concentração e coesão a equipa deve saber (e vai certamente) aproveitar a confiança que tão bons resultados lhe trouxeram para conseguir ultrapassar o que aí vem. Com o apoio dos muitos Aguedenses que continuam a respeitar verdadeiramente um dos maiores símbolos da sua terra! 

Equipa/grupo = 3 treinadores, 2 enfermeiros, 25 jogadores. Todos juntos, apoiados por uma estrutura (clube), que depende de quem desempenha funções directivas e dos que acompanham e vivem as incidências de um trajecto!  

O imediato e o futuro

Augusto Semedo, 15.03.07

Ontem, quarta-feira, e pela primeira vez desde que iniciei as actuais funções, dois juvenis integraram a normal sessão de treino dos seniores. No futuro, pela minha vontade, outros terão experiência idêntica, numa lógica de aproximação da principal equipa de futebol aos escalões de formação e de criação de laços que conduzam a uma forte identidade de clube. Espero também que os atletas ganhem uma motivação acrescida, trabalhando mais e melhor, enquanto novos valores vão sendo referenciados e acompanhados num horizonte a médio prazo.

Tenho hoje esta certeza: continua a existir enorme potencial entre a juventude de Águeda, é preciso trabalhá-la de acordo com metodologias apropriadas, numa organização estimuladora e em continuidade, em coerência com a adopção de um modelo desportivo de clube que privilegie a afirmação dos valores existentes e valorizados na sua área de influência.

A integração destes jovens atletas em sessões de treino dos seniores não se faz ao acaso mas em função dos objectivos predominantes de cada uma delas, do seu comportamento habitual e das indicações fornecidas durante a actividade que desenvolvem no clube. Os atletas integram as sessões, participando em todos os momentos do treino, mas também cumprem todas as rotinas habituais dos mais velhos. Têm direito ao mesmo equipamento, que levantam e entregam como os demais, equipam-se no mesmo balneário e procedem ao controlo diário feito pelos membros residentes.

Os juniores têm sido convocados mais vezes. Dois integram já o lote de 25 atletas do plantel e são seniores autênticos a trabalhar, na atitude e no rendimento. A sua adaptação foi perfeita.

A cada 2ª feira, todos os atletas juniores integram o treino dos seniores, aproveitando o facto do grupo ser dividido em três: os guarda-redes (juniores incluídos...) desenvolvem trabalho específico; os mais utilizados no jogo da véspera fazem regeneração activa; os restantes cumprem um plano de treino mais intenso.

É neste último que os juniores se integram. Têm-no feito de forma plena e com uma motivação extraordinária. Os mais velhos também ajudam. O ambiente tem sido muito bom e a qualidade do treino salvaguardada, com vantagens para o ritmo competitivo de todos.

Este trabalho, feito em conciliação com o objectivo imediato que levou ao meu regresso, tem-me fascinado e pode ser importante para o futuro do clube, que não poderá continuar a desaproveitar os melhores valores das suas categorias de formação.

Águeda não existe na A25

Augusto Semedo, 15.03.07
Para quem utiliza a A25 e não anda distraído, mesmo sabendo onde sair para apanhar a melhor ligação para Águeda, deve intrigar-se pela inexistência de qualquer referência a esta cidade/concelho na sinalização da nova auto-estrada. Na realidade, a única (!) existente no sentido Viseu – Aveiro está situada no nó de Albergaria, e já em pleno corredor de saída – que, como se sabe, é separado fisicamente das vias principais.

É, no mínimo, estranho que a sinalização ignore o concelho mais populoso e mais empregador da região, gerador de um movimento que não encontra paralelo em nenhum outro servido directamente pelos nós de Talhadas e Albergaria.

Mas vamos por partes. Ainda antes do nó de Oliveira de Frades, no sentido Viseu-Aveiro, surge uma primeira indicação de Sever do Vouga com a respectiva distância a percorrer para chegar ao centro deste concelho. E até ao nó das Talhadas são frequentes as indicações Sever do Vouga / Talhadas.

Quem sabe – porque indicação não há – o trajecto mais directo para Águeda faz-se a partir das Talhadas. São 19 quilómetros e, não obstante algumas curvas mais apertadas, a estrada serve, evitando-se que se percorra mais de uma dezena de quilómetros descendo até Albergaria. E, enquanto não se cometer a injustiça de ser o utilizador a fazê-lo, é o Estado a pagar à concessionária por cada veículo que circula, por desconhecimento do condutor, no lanço entre Talhadas e Albergaria.

A realidade é que a indicação de Águeda é inexistente. E, pasme-se, na placa colocada já no corredor de saída, surgem Talhadas e… Doninhas para virar à direita após o entroncamento que se segue. Águeda, mesmo, só no topo desse entroncamento, misturado com placas de muitos lugares.

Doninhas deve gerar um movimento tão intenso, muito mais que Águeda certamente. Só assim se explica que a placa de sinalização da rotunda volte a ignorar Águeda, indicando aquele e outros lugares da freguesia de Talhadas; Águeda, só depois de contornar quase toda a rotunda!

A caminho de Albergaria o panorama é similar. Além da referência natural a este último município, o nó – situado precisamente nos limites dos concelhos de Águeda e Albergaria – contém apenas a informação de que serve o IC2, Porto e Coimbra. Águeda só mesmo no corredor de saída…

Pedimos desculpa pela interrupção...

Augusto Semedo, 14.03.07

Os 50 anos da RTP possibilitou tomar consciência mais exacta de como as coisas mudaram à nossa volta. E de como estamos hoje mais exigentes. Rimo-nos, até, dos programas televisivos, dos cenários, da qualidade de emissão, das técnicas comerciais, do modelo de apresentação... que prendiam a nossa atenção nas últimas décadas do século XX. Fica o registo histórico que, de forma objectiva, evidencia a galopante evolução tecnológica e permite reflectir sobre a cada vez maior pressão que exerce no comportamento dos indivíduos.

Uma frase ficou célebre quando a emissão era interrompida, na época com alguma frequência, rudimentar que eram os meios técnicos ao dispor comparativamente com os de hoje. "Pedimos desculpa pela interrupção, o programa segue dentro de momentos" surgia no ecrã, a preto e branco, perante o desapontamento dos telespectadores.

Apetece-me aplicar a mesma frase mas num contexto bem diferente. Só não sei se o programa seguirá dentro de momentos.

Peço desculpa por vos maçar. E por querer partilhar convosco uma experiência que se repete. Afinal, serei pretensioso ao fazê-lo. De repente, (re) descobri que em Águeda habitam muitos tondelenses, capazes de valorizarem o demérito da sua equipa e de não descortinarem o mérito dos Aguedenses.

Desculpem qualquer coisinha... eu é que estou errado! Porque há coisas que nunca irão mudar...

Equilíbrio e organização

Augusto Semedo, 13.03.07

A tremenda alegria exibida por todos os membros do grupo, no final do jogo, era plenamente justificada: evitáramos o inferno! Como enfatizava um dos mais experientes, numa sentida e oportuna comunicação ao grupo, na euforia do balneário: "Não estamos mortos!" E deixava um aviso: "Temos de continuar assim!"

Nada há de mais reconfortante que trabalhar durante a semana e ser recompensado no final, principalmente após uma prestação muito positiva. O jogo anterior fora traumatizante e a semana que se lhe seguiu foi difícil. Após quatro jogos a ganhar confiança, a equipa ficara abalada e desconfiada de si própria. Agora, em Tondela, provou novamente ter razões para acreditar; mas também que o equilíbrio emocional é fundamental para assegurar um rendimento mais consistente.

Para uma equipa marcada meses a fio pelo insucesso - 10 derrotas em 13 jogos disputados de Setembro até meados de Janeiro, a que se junta a derrota para a Taça de Portugal frente a um adversário do campeonato distrital -, passar da depressão à euforia é algo frequente. A natureza humana é assim. Porém, o desporto de competição expõe muito mais a componente mental. E depois de quatro jogos a mostrar ser tão capaz como as equipas que jogam na primeira metade da classificação, o Tocha foi um aviso de que não há facilidades e de que o que faz a diferença é a preparação cuidada para cada jogo. Sem desvios.

Em Tondela, a equipa nunca se desorganizou, cumprindo à risca o plano estabelecido para o jogo. Controlámos os pontos fortes do adversário e jogámos de forma a explorar os seus pontos fracos, estratégia normal mas que neste jogo correu (quase) na perfeição. Defensivamente conseguimos; nas transições para o ataque voltámos a encalhar na primeira parte. Mesmo assim, a ocasião de golo mais soberana pertenceu-nos. Podemos, no entanto, chegar mais vezes à frente, com qualidade, como fizemos desta.

Só o golo do adversário, que mais uma vez nasceu do nada, não fazia parte do plano. Mas ainda bem que aconteceu. A equipa esteve mais uma vez soberba a reagir e, mesmo no campo do primeiro, mostrou que pode dar a volta às contrariedades, por mais injustas que sejam, virando as coisas a seu favor.

Quando entraram os dois avançados - que, desta vez, iniciaram em simultâneo o jogo no 'banco' -, a confusão na defesa adversária foi total. A ideia transmitida antes do jogo, de que quem está de fora deve concentrar-se totalmente no que se passa dentro do campo para, depois de entrar, desequilibrar a nosso favor, ficou demonstrada. Não marcaram, é certo, mas abriram espaços e confundiram marcações, possibilitando que outros o fizessem.

Uma equipa é isto: todos são importantes!

Importa agora dar continuidade ao nosso trabalho, aproveitando com inteligência a confiança e a alegria que uma vitória destas traz. Pode dar-nos mais força e uma motivação acrescida para um campeonato que é duro, equilibrado e susceptível de nos reservar muitas surpresas (nem todas agradáveis). 

Importa olhar para nós e encontrar soluções para ultrapassar as rasteiras e os adversários. Em Janeiro, quando assumi, ninguém acreditava ser possível sair da depressão em que todos mergulhavam; nos últimos dois meses, ganhámos no campo do 1º, e em casa ao 2º e 4º classificados, tendo ainda prestações muito positivas em dois campos de adversários bem colocados na classificação. E já pontuamos fora. Mas só com equilíbrio emocional e sem perder organização de jogo, só com estabilidade e sem perder força colectiva, poderemos ter sucesso.

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