Meninos que assaltam meninos
Águeda está a viver um fenómeno recente, a exemplo do que sucede nos grandes centros: em plena Praça do Município, adolescentes assaltam colegas mais pequenos, levando-lhes dinheiro e telemóveis. Às vezes, em função de conhecerem ou não as vítimas, dão-se ao luxo de decidirem, à sua frente, se concretizam ou não o assalto.
São vários os encarregados de educação que se têm queixado, relatando histórias com contornos muito parecidos. Lamentam que estas acções sejam levadas a cabo em pleno dia, à vista de todos, sem que ninguém faça nada para as evitar. E criticam a própria GNR, a quem acusam de apenas passar multas de trânsito e não agir em conformidade.
A verdade objectiva é que os episódios constantes começam a preocupar. Os problemas sociais agudizam-se – só não vê quem não quer -, avolumando o sentimento de insegurança, chegado agora, pelos vistos, aos meninos de Águeda. Repete-se, em plena Praça do Município, centro urbano da cidade e do concelho, e ruas próximas.
A segurança é da responsabilidade do Estado, que não pode apenas cobrar impostos, andar à "caça" da multa e pedir esforços suplementares aos cidadãos; sem, em troca, assumir o que lhe compete, mostrando que o dinheiro sacado aos portugueses é bem empregue na salvaguarda da sua qualidade de vida.
Porque é de qualidade de vida que se trata. Quem pode andar descansado nas ruas de Águeda quando se sucedem relatos de assaltos e alegadas ameaças a pessoas e instituições? Como aquela que, sendo repetidamente vítima de roubos, apresentou queixa à GNR, pagou 10 euros pela mesma e recebeu como resposta que dificilmente se poderá provar quem cometeu os actos. Mesmo que se suponha ser alguém conhecedor dos cantos à casa, ameaçando pessoas e destruindo propriedade alheia.
Apetece perguntar: vivemos num paraíso para os delinquentes, penalizando quem trabalha e vive honestamente? Que Estado é este, cada vez mais exigente para com o cidadão mas simultaneamente impotente para resolver flagelos para os quais importa olhar devidamente?