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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Assim não! - também digo eu

Augusto Semedo, 25.01.07

Assino por baixo. Acrescentaria, porém, que esperava uma abordagem/postura diferente por parte dos partidos políticos. Numa sociedade depressiva e pouco construtiva seria fundamental que a abordagem dos seus problemas fosse orientada por uma postura distinta.

Uma postura distinta é a que procura resolver as chagas sociais criando respostas que contribuam eficazmente para as resolver, sem colocar em causa valores que deviam ser intocáveis e por todos respeitados.

Não se resolve  despenalizando (ou liberalizando, que é no fundo o que está verdadeiramente em causa). A evolução sadia de uma sociedade faz-se antes afastando-se os preconceitos que condenam socialmente as pessoas quando estas assumem um acto, por irreflectido e isolado que seja; e também criando-se respostas sociais adequadas aos problemas diagnosticados, sempre em respeito pela vida humana - o que não sucede com quem diz, alto e bom som, que na sua barriga manda ela. Se é esta a sociedade que querem construir, do tipo cada um por si e sem respeito pelos outros, o argumento cabe na perfeição.

Num momento em que desce a natalidade e envelhece a população, sem que entretanto sejam adoptadas políticas que alterem esta tendência de largos anos, causa ainda mais apreensão que os problemas se possam resolver estimulando o facilitismo e, em muitos casos, a irresponsabilidade e a leviandade. E que, nas opções políticas, não haja um envolvimento tão determinado pela vida como há pela morte. 

O Mundial do nosso contentamento

Augusto Semedo, 25.01.07

Uma pequena nação foi gigante entre potências. De tão raro, os portugueses deviam valorizar melhor momentos como este; e quem, do alto da sua intelectualidade, não consegue entendê-los, podia ao menos fazer um exercício de humildade para buscar nesta experiência - por mais boçal que possa parecer... - exemplos que contribuissem para um país melhor, mais empreendedor e orgulhoso de si próprio.

É emoção, muitas vezes histerismo, mas é também organização, atributos morais e volitivos e competência técnica, tantas vezes ausente da nossa sociedade em tudo aquilo que é hoje tido como fundamental para a evolução económica e social do nosso Portugal.

Obrigado, selecção, pela promoção que fizeste do país. Estive lá e vi como é.

Os portugueses da Galiza

Augusto Semedo, 12.01.07

Há ano e meio, numa pequena povoação do litoral da Cantábria, um proprietário de hotel denominou-os "portugueses da Galiza", referindo-se aos galegos.

Não foi a primeira vez que, em conversa com espanhóis, pude constatar as profundas diferenças, geradoras de fricções mais ou menos latentes, que existem entre as comunidades autónomas do país ibérico.

Há um ano, na Corunha, um recepcionista de hotel esforçava-se por me evidenciar as diferenças de comportamento entre um galego e um catalão perante um português: enquanto o primeiro comunicava de forma a fazer-se entender com mais facilidade, o segundo fazia questão de vincar o dialecto local para alegadamente estabelecer diferenças e tornar mais complicada a compreensão.

Rivalidades à parte, há razão quando se compara a Galiza a Portugal. Na simpatia e cordialidade das pessoas, na arquitectura paisagista e ordenamento urbano, nas disparidades entre as quatro províncias e entre os meios urbanos e rurais... São mais as semelhanças que as diferenças, principalmente se a nossa atenção despertar além das principais cidades e das auto-estradas que as unem.

Confesso que não conheço bem a interioridade galega. Desta vez, porém, fui ao encontro de uma Galiza litoral que mostrou traços de ruralidade próximos de áreas do interior lusitano. Uma Galiza formada por pequenas mas numerosas comunidades piscatórias, com uma profunda e sentida ligação ao mar.

A Costa da Morte - identificada à partida pelas trágicas e seculares histórias de naufrágios, tendo como cenário comum as suas constantes reentrâncias - tem para oferecer uma enorme beleza paisagística. Ali, montes e praias confundem-se com estuários, enseadas e uma vasta vegetação, cruzando em permanência o azul e o verde. E há a gastronomia, o acolhimento, o artesanato, algum património histórico...

A massificação do turismo permanece distante (Agosto à parte) e o crescimento anual de 3,5% que a comunidade autónoma da Galiza conseguiu em 2006 parece não ter chegado a povoações que ainda reflectem o isolamento do passado. Aos habitantes locais que ambicionem mais que a pesca e a agricultura só lhes resta, também, a emigração (tendo como destino outras comunidades espanholas ou o estrangeiro).