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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Um exercício de suposição

Augusto Semedo, 26.10.06
Vamos supor que a variante a Águeda, inaugurada já este século depois de liderar durante décadas a lista de aspirações dos seus cidadãos, tinha sido construída em perfil de auto-estrada. E que, além de Águeda, abrangia por exemplo os municípios de Anadia e Mealhada, ajudando a libertar o intenso trânsito do IC2 (a ex-EN1 que ligava as duas maiores cidades do país ainda há menos de duas décadas).
Suponhamos, pois, que uma obra absolutamente necessária à mobilidade dos cidadãos desta região era construída. E que os governantes seriam capazes de nos dar algo mais: a sua construção em perfil de auto-estrada! Afinal, foi isso que sucedeu com a A17 (Vagos – Ílhavo – Aveiro) em relação à EN 109: eles almejavam uma simples variante e deram-lhes uma auto-estrada!
A via que entra nesta suposição era então anunciada e logo como SCUT, portanto Sem Custos para o Utilizador. Não seria uma mas, sim, duas… Duas excelentes novidades com a chancela de governantes que haviam descoberto o “ovo de Colombo”.
Imaginemos, pois, que ficávamos com uma variante, reclamada há anos mas concretizada agora, que satisfazia plenamente as condições de fluidez e de segurança.
Porém que... Mais tarde, por se tornar um peso para os cofres do Estado, seria transformada em CCUT, portando Com Custos para o Utilizador. Isto é, se não queres nem podes pagar, passas a transitar pela estrada antiga, já dantes anacrónica, entretanto desvalorizada…
É isto que acontece com a A17, talvez porque a uma empresa, mais do que aos cofres do Estado, não interesse que ela exista tal como está. Talvez porque os nossos governantes gostem de anunciar “coisas boas” aos eleitores sem contudo se certificarem da sua sustentabilidade futura. Talvez porque, para se resolver um problema premente de anos, e à falta de capacidade de investimento, quem nos devia governar com competência não saiba distanciar-se do espírito bem português “quem vier atrás que feche a porta!”
Quem vem atrás, neste caso como noutros, é o cidadão anónimo e utilizador…
Neste caso como noutros, as diferenças que se nos apresentam logo aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha, são mais do que evidentes: lá, desde que não haja alternativa credível, que não garanta a fluidez e segurança do tráfego, as auto-estradas são livres. E eles ganham mais, compram carros mais baratos e têm o combustível a preços mais acessíveis.

O engano

Augusto Semedo, 19.10.06

O distrito de Aveiro continua a ser penalizado nas intenções de investimento do Estado (o PIDDAC 2007 volta a reduzir a dotação orçamental) mas é já um alvo na intenção governamental de colocar portagens em algumas SCUT.

A A17 e a A29 estão entre as três abrangidas por esta decisão. As alternativas são hoje estradas urbanas, com enormes pontos de conflito, estranguladas pelo crescimento urbano da região.

A solução que o Estado ofereceu, nas últimas décadas, vai passar pelos vistos a ser paga pelo utilizador. Mesmo que a A17, por exemplo, surgisse a partir da necessidade de fazer uma variante da EN109 a Vagos, Ílhavo e Aveiro, reivindicação que demorou muitos anos a ser satisfeita. E que com portagens continuará a não o ser, porque os utilizadores que não queiram ou que não possam pagar irão continuar a penar numa 109 agora transformada em via ainda mais urbana e, por isso, ainda mais desadequada.

Afinal, o Estado não resolveu o problema essencial dos cidadãos, mesmo gastando milhões. Também temos de levar com isto?

Tempos difíceis

Augusto Semedo, 19.10.06

Há quantos anos, de forma tão gritante, Águeda não surgia no PIDDAC com tão pouco peso? Há quantos anos não olhávamos para o documento onde se inscrevem os investimentos previstos pelo Estado sem que um único novo objectivo fosse apresentado para um município que desespera por infra-estruturas vitais ao seu desenvolvimento?

A redução substancial da verba definida para Águeda é um sinal de que tudo continuará adiado e um sinal muito negativo para a câmara socialista que há um ano terminou com sucessivas maiorias do PSD. Um êxito eleitoral que, pelos vistos, não é acompanhado pelo Governo socialista, que a continuar a dar tão pouco a Águeda retirará inevitavelmente margem de manobra a uma maioria autárquica que chegou ao poder mercê de expectativas alimentadas ao eleitorado.

País jovem, país com futuro

Augusto Semedo, 17.10.06

A República da Irlanda (na foto Trinity College, a universidade mais antiga do país, em pleno centro da capital Dublin) é o país mais jovem da Comunidade Europeia, indicador bem visível para quem visita a cidade e o território, que contraria a tendência de muitos países europeus, alguns dos quais são tomados como referências.

Juventude significa alegria, arrojo, confiança, determinação, inovação... Significa mais saúde do ponto de vista social e uma visão positiva do futuro, uma sociedade estimulada, viva e activa!

Um bom exemplo para nós, portugueses, num momento em que a desresponsabilização e a morte estão bem presentes naqueles que procuram a despenalização do aborto. Em Portugal, em lugar de se promover a vida, criando-se políticas favoráveis ao aumento da natalidade, estimula-se a morte numa sociedade perigosamente a envelhecer.

Dublin... a 2 cêntimos!

Augusto Semedo, 13.10.06

... a dois cêntimos! Só quem não quer não conhece outros povos, a sua história e cultura. Na pequena Irlanda, que tão bem tem sabido aproveitar a entrada na Comunidade Europeia, o turismo ganha com a simpatia e o profissionalismo. A Irlanda orgulhosa do seu difícil percurso histórico, apresenta-se genuína mas aposta na industrialização do turismo. Muitas são as opções oferecidas a quem a visita e quer conhecer, seja a capital Dublin, sejam os arredores ou o enorme jardim que caracteriza o pequeno país de lés-a-lés. Visível o esforço de valorização das últimas décadas e notável o património histórico, cultural e patrimonial que procura preservar (que ajuda a compreender o espírito de  autodeterminação de um povo a quem não foi fácil a independência). Valeu a pena.