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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

A Liga Intercalar

Augusto Semedo, 29.11.07

Ora aqui está uma medida oportuna, que defende o futebol, as equipas e os jogadores. Porque permite que os jogadores menos utilizados não percam ritmo competitivo e os que abandonem períodos forçados de inactividade o recuperem mais rapidamente; porque permite diminuir tensões no interior dos planteis e dar visibilidade a um maior número de jogadores; porque permite defender e dar oportunidade a jogadores mais jovens, muitos deles tapados nos seus primeiros passos como seniores, contribuindo para o complemento da sua formação a um nível competitivo superior ao encontrado nas categorias inferiores.

A Liga Intercalar reedita os defuntos campeonatos de reservas ou torneios de início e de encerramento de época. Que terminaram há muito, fruto de uma decisão muito mais administrativa que técnica. Competições como esta sobrecarregam os clubes com mais jogos oficiais mas permitem aos mesmos rentabilizar os seus activos. Por isso, é redutor atribuir-se a utilidade destas provas ao cumprimento de castigos federativos, como acontecia dantes.

Tive oportunidade, como treinador de juniores e adjunto de seniores, de fazer campeonatos de reservas durante cinco épocas consecutivas. Final dos anos 80, princípios de 90. Não tenho dúvidas em afirmar que parte do sucesso dos trabalhos então realizados, que permitiram a afirmação de novos valores no futebol local, deveu-se à oportunidade de competir oficialmente a meio da semana. 

Deixem-me sublinhar que esta novel Liga Intercalar é uma das (poucas) decisões recentes com evidente impacto na área técnica do futebol. Devia encontrar seguidores noutras regiões e associações de futebol do país, no interesse do futebol e do jogador português. 

Município de Águeda em números

Augusto Semedo, 28.11.07
Números do Orçamento da Câmara Municipal de Águeda para o ano de 2008:
39,58
milhões de euros é o valor do Orçamento municipal para 2008, 58,2% do qual destinado a despesas correntes e o restante a despesas de capital
 
23,04
milhões de euros é a receita que a Câmara Municipal prevê arrecadar por via das receitas correntes: impostos, taxas, multas transferências correntes e venda de bens e serviços
 
19,8
por cento é o peso dos impostos na receita municipal. O Imposto Municipal sobre Imóveis representa 3,5 milhões de euros e a Derrama 1,6 milhões de euros
 
8,1
milhões de euros da receita municipal corrente provêm de transferências da Administração Central, 200 mil euros dos quais através da participação comunitária em projectos co-financiados (o total de receitas correntes previstas é de 20 milhões)
 
14,3
milhões de euros previstos na receita municipal de capital  provêm de transferências da Administração Central, 10 milhões dos quais através da participação comunitária em projectos co-financiados (o total de receitas de capital previstas é de 16,5 milhões)
  
7
milhões de euros é o montante que a Câmara de Águeda afecta em despesas com o pessoal: remunerações, representação, subsídio de refeição, abonos e segurança social
 
13
milhões de euros é o valor previsto na aquisição de bens (2,6 milhões) e de serviços (10,4 milhões)
 
10,4
milhões de euros prevê o município investir em construções diversas: obras viárias e complementares, drenagem de águas residuais, iluminação pública, parques e jardins, instalações desportivas e recreativas, captação e distribuição de água, e outras

Praça de encontros e de afectos

Augusto Semedo, 25.11.07

Praça de encontros e de afectos. Testemunha de momentos de comemoração e de renovação interior. A primeira vez aconteceu em 94. As diferenças eram ainda muitas, os estigmas mantinham-se. Muita coisa mudou entretanto nestes últimos 14 anos. Descobrimo-nos, compreendemo-nos, aproximámo-nos. Aprendemos uns com os outros. Tudo é hoje mais igual no fazer. Esta praça, porém, ponto central na monumentalidade de Salamanca, continua a 'Mayor', bela e inspiradora. Em qualquer momento...

Somos os maiores!?

Augusto Semedo, 22.11.07
Anteriores presenças no Campeonato da Europa - apenas selecções apuradas
País Edições
9 Alemanha 1972, 1976, 1980, 1984, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004
8 Rússia 1960, 1964, 1968, 1972, 1988, 1992, 1996, 2004
7 Espanha 1964, 1980, 1984, 1988, 1996, 2000, 2004
7 Holanda 1976, 1980, 1988, 1992, 1996, 2000, 2004
6 República Checa 1960, 1976, 1980, 1996, 2000, 2004
6 França 1960, 1984, 1992, 1996, 2000, 2004
6 Itália 1968, 1980, 1988, 1996, 2000, 2004
4 Portugal 1984, 1996, 2000, 2004
3 Roménia 1984, 1996, 2000
3 Suécia 1992, 2000, 2004
2 Grécia 1980, 2004
2 Suíça 1996, 2004
2 Croácia 1996, 2004
2 Turquia 1996, 2000
0 Áustria  
0 Polónia  

 

Portugal apurou-se para o Euro 2008. Sem conseguir ganhar um jogo às três selecções que consigo alimentaram expectativas de qualificação até à dupla jornada final. Mas, pronto: somos os maiores! E vamos lá para ser campeões. É disso que se fala já. Nunca fizemos as coisas por menos e sempre nos borrifámos para os outros. No nosso umbigo só há espaço para os nossos craques e para as virtudes que efectivamente possuímos. Esqueça-se o resto.... as limitações no recrutamento para algumas posições, as debilidades colectivas, os fracassos exibicionais, o apuramento nervoso e mais tremido das recentes edições.

Prefiro que Portugal corra por fora. Ninguém vai a uma fase final sem ambicionar o ceptro. O orgulho que a selecção nos vem dando seria merecedor de coroação. Até a Grécia, a formação menos cotada do último Europeu e a que menos foi levada a sério em 2004, chegou, viu e ganhou.

Correr por fora não é um acto de menoridade mas de racionalidade. Não significa menor ambição, antes o reconhecimento de que há selecções igualmente capazes e mais favoritas. Pelo seu peso histórico e institucional, pela sua inesgotável fonte de recursos, pela sua identidade colectiva e consistência de jogo.

Somos bons mas não os maiores! O 4º lugar no Mundial'06 foi fantástico mas não suficientemente valorizado pelos portugueses. Quantas vezes mais conseguiremos chegar às meias finais? Em contraponto, a Alemanha, senhora de um currículo impressionante, festejou o seu 3º lugar como se do título se tratasse. Apesar de ter organizado a competição e de, nessa condição, já antes ter-se sagrado campeã mundial. É, de resto, a única selecção apurada para todos os Europeus de futebol! Esticar a corda, fazendo uma abordagem boçal e apenas emotiva à realidade envolvente, dá nisto. 

Colectivo da Inglaterra gela 'estrelas' lusas

Augusto Semedo, 21.11.07

Rui Caçador, técnico nacional dos sub-21, tinha avisado que a Inglaterra era o melhor colectivo da categoria e a selecção britânica demonstrou-o em Águeda. Portugal, tirando os minutos iniciais e a pressão consentida na recta final, nunca se conseguiu impor verdadeiramente ao adversário, que controlou quase sempre o ritmo do jogo.

À capacidade técnica portuguesa, a Inglaterra respondeu com uma estrutura colectiva bem trabalhada e ainda com um desconcertante Walcott (excelente avançado!) a pôr em sentido a defesa lusa. Além da cultura táctica revelada, a Inglaterra mostrou-se forte do ponto de vista físico. Na selecção portuguesa, destaque-se a segurança de Ricardo Batista, a acção dinamizadora de Paulo Machado e o peso de João Moutinho (embora longe do brilhantismo) nos processos de jogo algo previsíveis da equipa.

Cadeiras vazias de orgulho

Augusto Semedo, 20.11.07

Os árbitros húngaros vistoriam o campo, observam atentamente as redes das balizas e tiram fotografias para a posteridade. Do alto da bancada, o flash atrai atenções. A iluminação artificial está a baixa luz, esperando as selecções nacionais de sub-21 de Portugal e Inglaterra.

As cadeiras estão ainda vazias. Falta hora e meia para o jogo entre duas das melhores selecções desta categoria, a segunda mais importante da hierarquia. Águeda devia sentir orgulho em ser anfitriã. O frio, hoje menos, e a chuva, que quase por milagre deixou de cair, que se lixem!

Lá fora, o movimento é diminuto. Alguns carros, finalmente, permitem ter ainda a esperança de algum calor humano durante a partida. Todos estão a postos, voluntários, polícia, dirigentes, tarefeiros...

Entretanto, o estádio clareia e as equipas chegam. Do relvado, os jogadores olham em volta. As cadeiras continuam vazias de orgulho!

P.S. - Cerca de quatro mil pessoas foram indiferentes à noite gélida de terça-feira e sensíveis à importância do jogo de sub-21, entre Portugal e a Inglaterra, dando algum colorido às bancadas do Estádio Municipal de Águeda.

A vitória ou a superação?

Augusto Semedo, 15.11.07
Os pais que assistiam ao jogo na bancada achavam piada ao facto do treinador continuar a insistir para que a sua equipa não perdesse a concentração e capacidade competitiva, mesmo estando a ganhar por uma diferença tão significativa. A alegria por verem a equipa dos seus filhos (ainda em processo de formação) ganhar amplamente ofuscava a exigência que o treinador mantinha até ao final da competição.
O que faz, afinal, evoluir um atleta? As vitórias e os títulos de campeão? Ou a superação, encarando com total disponibilidade as sessões de treino e os jogos?
As vitórias são motivadoras e enchem o ego de quem as consegue. São importantes, porque estimulam; mas podem ser inconsequentes, no futuro do atleta, se não encontrarem suporte no trabalho desenvolvido e numa atitude que privilegie a vontade de fazer cada vez melhor.
Um atleta pode ganhar a um adversário de menor capacidade sem para isso ter necessidade de estimular todas as suas competências; e pode perder contra um adversário que lhe é superior, mesmo aplicando-se totalmente para evitar tal desfecho.
No segundo caso, apesar do resultado negativo, o atleta superou-se e adquiriu competências; no primeiro, o atleta venceu mas desperdiçou mais uma oportunidade para evoluir.
Superar é ir à procura de fazer cada vez melhor, dando respostas ainda mais capazes perante os diferentes desafios que a competição coloca permanentemente.
Se todos os dias, em treinos e jogos, o atleta procurar ultrapassar os seus próprios limites, em situações competitivas diversas, tentando vencer as suas próprias capacidades, estará no caminho certo.
Esta atitude exige atributos morais e manifestações de vontade tão (ou mais) essenciais ao percurso futuro do atleta como o seu potencial físico ou técnico-táctico.
Não por acaso, conhecem-se casos de atletas que se afirmam precocemente (à frente de todos os outros), admitindo-se de imediato um enorme sucesso; para mais tarde não confirmarem as expectativas – e serem até ultrapassados por alguns dos que, revelando superior capacidade de trabalho e adequada atitude mental, não perspectivavam antes carreira tão auspiciosa mas souberam potenciar melhor os seus recursos.
Daí, os resultados não deverem ser o único, nem sequer o mais importante, parâmetro de avaliação da acção de um treinador e do potencial de um atleta. Muito menos nos escalões de formação. Fazer compreender isto à sociedade actual, principalmente a pais e dirigentes, será tarefa possível?
Haverá sempre necessidade de definir metas para a competição - realistas e sempre na sequência do trabalho efectuado - que nem sempre passam pela vitória mas por objectivos de performance que ajudem a aferir a evolução conseguida.

Odores de Açor

Augusto Semedo, 06.11.07

Aquela manhã trazia à lembrança o tempo trocado que vivemos. O dia acordava ameno mas depressa a temperatura fazia lembrar os melhores dias de Verão. Estranha-se este Outono, que seca os cursos de água e deixa as matas à tentação de pirómanos.

Coja, a vila que espelha ainda as belas casas senhoriais no leito do rio Alva, outrora fonte de riqueza pela exploração de ouro, despertava-nos para o que se seguiria: um percurso pedestre na área protegida da Serra do Açor. Junto às quedas de água da Fraga da Pena e às portas da Mata da Margaraça. 

A tranquilidade permite afastar-nos do bulício diário que enfrentamos. Respiramos os odores da floresta e contemplamos o que nos rodeia. Sentimo-nos convidados a envolver num espaço simultaneamente tão próximo e tão distante do mundo frenético das nossas canseiras.

Pouca gente. Nenhuma gente. Um ruído de motor, de vez em quando. Ao longe, uma aldeia, Pardieiros, de casas brancas. Depois, a mata, a estrada de terra batida, as quelhadas de Relva Velha e a aldeia de Monte Frio. O xisto anuncia a famosa aldeia de Piódão. Estradas estreitas, no alto das montanhas, levam-nos até lá. A paisagem impressiona.

Piódão contempla-se. A gastronomia convida a um repasto. Novo percurso pedestre leva-nos, vale adiante, até Foz d'Égua. Uma ponte suspensa faz recordar aventuras cinematográficas com a chancela do mestre Spielberg. O tempo, de repente, voltou para trás.