Terminada a época 2006/2007, foi-me solicitado que respondesse a algumas questões, em género de balanço, ao semanário Soberania do Povo. O teor é o que segue:
1- O que correu mal no Recreio para não conseguir a manutenção nos nacionais?
R – Entrando apenas em Janeiro, como entrei, não me compete fazer o balanço da época. O que posso dizer do nosso trabalho, da minha equipa técnica, médica e dos jogadores, é que não temos motivos para nos envergonhar com o que fizemos. Fomos a sexta equipa mais pontuada no conjunto dos 15 jogos que orientei e, tirando dois jogos, deixámos tudo em campo. Melhorámos a eficácia defensiva e ofensiva, fomos mais competitivos e demos uma imagem mais consentânea com as responsabilidades históricas do clube. A generosidade dos jogadores merecia outro desfecho!
2- Que repercussões poderá trazer para o clube esta descida aos distritais?
R – A descida é má, sem dúvida. Mas, muito pior que a descida, será manterem-se os motivos que originaram esta situação. O clube continua a ter muita gente que o segue, que vive o seu dia-a-dia, internamente é um clube com uma enorme vitalidade (é só ver o movimento que gera diariamente no estádio municipal…), continua também a ter muita gente que gostaria de ser presidente; precisa é que todos esses aguedenses se unam em torno do clube e deixem de alimentar questiúnculas geradoras por vezes de alguma instabilidade.
3- Está disponível para treinar o Recreio de Águeda na próxima época?
R – Segundo sei, o presidente vai pedir para que sejam convocadas eleições. Só com uma direcção, e dentro desta com um departamento de futebol à altura das responsabilidades do clube, será possível avançar para uma nova época. Terei todo o gosto em contribuir com o meu trabalho para a regeneração desportiva do clube mas, primeiro, terão de ser criadas condições para que tal seja possível.
4- Que conselhos daria aos responsáveis do Recreio da próxima época?
R – Os conselhos que possa dar são coisas internas, porque um trabalho num clube exige lealdade e solidariedade entre todos os agentes importantes para o seu sucesso.
5- Poderá o Recreio voltar aos nacionais na próxima época, atendendo que para o ano defrontará equipas como o Gafanha, Paços de Brandão, Canedo, Cesarense e Estarreja, entre outras?
R – O Recreio é um clube com história, continua a ser uma referência desportiva do concelho de Águeda e é capaz de se regenerar desportivamente. Há exemplos de clubes, em Portugal e por esse mundo fora, que viveram momentos mais delicados e nem por isso deixaram de ser uma referência e de perder peso e influência; pelo contrário, foi nesses momentos que ganharam mais força e dinâmica. Depende sempre do envolvimento das pessoas. Quem esteve em Anadia, no domingo, viu que uma equipa que desceu tinha tanta ou mais gente a acompanhá-la que um clube, também com história e prestígio, que festejou a subida. Se fosse ao contrário, o Recreio teria feito da subida uma festa bem maior, porque tem mais força associativa. Sobre o próximo campeonato, digo-lhe que esses clubes que referiu, e outros que não nomeou, irão ter no Recreio a principal referência da época. Essa é uma responsabilidade que os aguedenses devem assumir.