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d'aquém e d'além

COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

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COISAS E COISINHAS DO NOSSO MUNDO augusto semedo

Imagens do 'futebol dos ricos'

Augusto Semedo, 09.02.07
Embora só hoje, incluo no blog 31 das quatro centenas de fotografias ilustrativas da experiência no Mundial - Alemanha 2006. Que, em termos pessoais, sucedeu aos ‘Europeus’ de Inglaterra (1996), Holanda/Bélgica (2000) e Portugal (2004) e ao ‘Mundial’ de França (1998).
Foi, de longe, o evento mais excitante de todos os que pude assistir. Um verdadeiro encontro de povos que, vencidos pela alegria do momento, abrem-se com facilidade aos outros. Tudo o que imaginei na adolescência. Falta, agora, umas Olimpíadas.
“Futebol dos ricos” porquê? A interrogação pode fazer sentido para os mais distraídos. O futebol dos ricos, como escrevi, é o que está ‘industrializado’; aquele que gera, directa ou indirectamente, enormes receitas; o que acarreta fortíssimos investimentos (escandalosos sim, a par de outras actividades neste mundo globalizado e de extremos cada vez mais vincados!); e também aquele que é profusamente divulgado, fazendo esquecer que tem, encoberto pelo seu gigantismo, várias realidades que, sendo a base do futebol, estão a murchar.
A mediatização e os interesses económicos do futebol dos ricos tem deixado pouca margem de manobra para o futebol dos pobres e para as modalidades ditas amadoras. O futebol dos pobres é aquele que, por entre múltiplas dificuldades, ainda procura fazer formação (abastecendo os ricos…) e o que tem vindo progressivamente a empalidecer nas divisões inferiores.
O desejo de grandeza das pessoas leva-as a quererem confundir-se com realidades que julgam pujantes e surgem como referências neste mundo mediatizado. Ser de um dito ‘grande’ é, à falta tantas vezes de outro verdadeiro valor que oriente as suas vidas, uma questão vital para alimentar o ego. A pressão mediática faz com que quem decide descure o outro futebol, que continua a viver da ‘mendicidade’ e a ter um espaço cada vez mais apertado para, ao menos, manter a actividade que gera. A perda de identidade de muitas comunidades locais faz o resto.
Porém, quem continua - melhor ou pior - a ter intervenção directa junto da juventude local são os que pertencem ao futebol dos pobres; quem continua, bem ou mal, a representar as comunidades locais são os que vivem de restos…